Evidências científicas confirmam: a saúde está relacionada às condições objetivas de vida das pessoas. O jeito de viver e as características da habitação têm, portanto, impacto direto no bem-estar físico, mental e social delas. Garantir acesso a uma moradia saudável é decisivo na promoção da qualidade e da expectativa de vida e fator determinante da saúde nos espaços construídos e nas cidades.
Os números das inadequações habitacionais no Brasil são eloquentes. Fala-se em 6 milhões de moradias o tamanho do déficit habitacional. Estima-se em mais de 5 milhões os domicílios localizados nos chamados assentamentos subnormais pelo IBGE, que calcula também em 5 milhões o número de pessoas no país que não possuem banheiro em casa. Dentro e para além desses números, contam-se as moradias insalubres causadas por falta de acesso à água potável, ao esgoto tratado e à coleta regular de lixo. Além das provocadas por precariedades construtivas tais como ventilação e insolação insuficiente ou localizadas em áreas de risco.
A Organização Mundial de Saúde – OMS preconiza que a saúde deve promover conjuntamente o bem-estar físico, mental e social dos habitantes. Apesar do Sistema Único de Saúde – SUS seguir esta orientação, ele não tem ingerência sobre a política de bem-estar social, delegada a outras áreas do governo. Por conta dessa lacuna institucional e dos desafios ainda presentes no modo de morar de quase 70 milhões de brasileiros mais pobres, especialistas em saúde pública e urbanistas estão propondo incluir arquitetos nas equipes do programa Saúde da Família: a porta de entrada do SUS.
Falta à ATHIS, no Distrito Federal, uma equação de financiamento permanente e eficaz. Usar o SUS como fonte de operação e recursos para tornar mais habitável um estoque expressivo e ainda muito informal de moradias no Brasil, parece ser mais que viável, bastante factível. Se considerarmos saudável tudo aquilo que é bom para a saúde, incluir a melhoria habitacional nesse Sistema será, portanto, medida de inclusão urbanística de indiscutível impacto social e ambiental. O bem-estar do morar depende dos arquitetos assim como o dos seus moradores dos profissionais da saúde. Juntos podem fazer cidades melhores.
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Vicente Loureiro, arquiteto e urbanista, doutorando pela Universidade de Lisboa,
autor dos livros Prosa Urbana e Tempo de Cidade
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