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Foto do escritorVicente Loureiro

BRASIL URBANO

Estima-se que 85% da população brasileira viva hoje em áreas urbanas. Sendo elas consideradas o produto mais complexo inventado pelo homem e, no caso brasileiro, responsáveis ainda pela geração de pelo menos três quartos do PIB, não fica difícil constatar: não é o Agro que é tech, que é pop e que é tudo. São as cidades. Vem de suas realizações os sinais concretos de que a vida pode ser melhor por aqui. Não depende só delas, é verdade, porém algumas iniciativas postas em prática nas mais criativas e conectadas apontam para a entrega de serviços públicos com mais qualidade, menor custo e maior alcance social.

Foto noturna da Cidade de São Paulo, tendo em primeiro plano da cena o reflexo da Cidade no o Rio Pinheiros.
São Paulo, centro financeiro do Brasil, está entre as cidades mais populosas do mundo, com diversas instituições culturais e uma rica tradição arquitetônica.

Há uma espécie de elite das cidades brasileiras formada por 5 a 10% dos municípios existentes. São aqueles que costumam frequentar as listas dos melhores para se viver, investir ou trabalhar. Além dos rankings de temáticas mais específicas e setoriais, tipo as campeãs na saúde, educação, segurança, mobilidade etc., vem surgindo desse Brasil Urbano, nos últimos anos, políticas públicas a nos fazer crer que a vida pode ser melhor no curto prazo, sem que isso implique em vultuosos gastos ou grandes obras.


A transformação digital tem permitido algumas cidades praticar saltos acrobáticos na oferta de mais e melhores serviços à população. Existem prefeituras que já disponibilizam centenas deles via internet. Não só aquelas certidões burocráticas de serventia duvidosa, mas atividades concretas tipo marcação de consultas, exames, entrega de remédios, matrículas e chamadas de presença por controle facial nas escolas, licenciamentos de toda ordem se multiplicam, a ponto de já existir casos onde o papel es

tá sendo completamente abolido das “repartições”. Para esses governos locais, a cidade inteligente é a que atende melhor as pessoas.

Para promover tal conjunto de medidas, não tem faltado estímulos institucionais e mesmo tributários nas administrações mais ousadas. Verdadeiros ecossistemas de inovação têm sido montados, promovendo o aperfeiçoamento da legislação, criando incentivos fiscais, instalando centrais de inteligência, elaborando Planos de Diretores de tecnologia, universalizando o acesso à internet. Todas as medidas implantadas na perspectiva de garantir acesso irrestrito dos cidadãos a todos os espaços, infraestruturas e serviços públicos. Guiados pelo mote de que a cidade inteligente é aquela que sabe olhar para si e para o cidadão.


Estimulante perceber a maturidade política de alguns slogans presentes nas cidades mais destacadas nos rankings de desenvolvimento, como, por exemplo, os divulgados recentemente pela plataforma Conect Smart City: “quanto menos o cidadão precisar pedir, melhor”; “entregar uma cidade mais bonita, mais justa e melhor ao sucessor.”; “governar é uma corrida sem linha de chegada.”. Nem parece que estamos no Brasil atual.


Anima também que os esforços de planejamento integrado e continuado são considerados verdadeiros artífices da maioria dos êxitos conquistados. Utilizando-se do que a tecnologia pode ofertar, é possível cada vez mais simular o que pode acontecer sobre um território, sejam os impactos de eventos climáticos extremos ou resultantes de projetos de desenvolvimento urbano ainda em gestação. Não é coincidência que entre as cidades mais destacadas existem estruturas de planejamento urbano autônomas e perenes. Todas com suas entregas a nos fazer crer que o futuro mora nelas. Nas bem planejadas, ele chegará primeiro.

Ponte Octávio Frias de Oliveira é uma ponte estaiada localizada na cidade de São Paulo, estado de São Paulo, Brasil. Foi inaugurada em 10 de maio de 2008, após três anos de construção, e hoje é um dos mais famosos cartões postais da cidade.
Ponte Estaiada que passam sobre o Rio Pinheiros, no Bairro do Brooklin na Cidade de São Paulo.


Foto de Vicente Loureiro, Arquiteto e urbanista, doutorando pela Universidade de Lisboa, autor dos livros Prosa Urbana e Tempo de Cidade

Por | Vicente Loureiro

Arquiteto e urbanista, doutorando pela Universidade de Lisboa, autor dos livros Prosa Urbana e Tempo de Cidade

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