Bráulio Bessa, Poesia que transforma
Eu já vi muitos poetas falando sobre saudade, da dor que a danada causa e de sua crueldade. Meu resumo é mais miúdo: é a lembrança de tudo que faz falta de verdade.
Quem tem um pé de saudade no vaso do coração adubado de lembrança, regado de solidão, vê a raiz se espalhar sem conseguir respirar pois vai bater no pulmão.
Saudade é uma inquilina que aluga nossa mente sem contrato de aluguel, sem nos pagar mensalmente. E ligeiro se revela que a gente mora nela e ela mora na gente.
A saudade se espalha na alma feito alergia, quanto mais a gente coça parece até que dá cria. Uma doença comum que atinge qualquer um que já foi feliz um dia!
Há quem viva nesta vida poupando tudo que tem, se preocupando em deixar carro, casa ou outro bem. Mas lhe digo uma verdade: bom mesmo é deixar saudade no coração de alguém.
Já vi muita evolução pro bem da humanidade, vi cientistas curando tudo que é enfermidade. Mas até hoje eu duvido inventar um comprimido pra aliviar a saudade.
Por mais que seja cruel, não age com preconceito, pelo menos nesse ponto admiro o seu conceito baseado em igualdade: tem um tipo de saudade pra todo tipo de peito.
Se abrir um coração e revirar pelo avesso, tem o mapa de um tesouro que ninguém conhece o preço: tem rua, bairro e cidade, afinal toda saudade tem um nome e um endereço.
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