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Foto do escritorVicente Loureiro

RIO COMO ANDAMOS?


O vigésimo congresso Rio de transportes, promovido pelo programa de engenharia de transportes (PET) da Coppe/ UFRJ, apresentou os resultados de uma pesquisa intitulada: Será que mudamos? Um panorama do transporte público na região metropolitana do Rio. Coordenada pelo professor Glaydston Mattos Ribeiro e fruto da interpretação de 4323 entrevistas em 14 municípios. Realizada com o objetivo principal de avaliar o padrão de deslocamento da população pós-pandemia.


Ao serem comparados com dados semelhantes coletados em 2019, revelam-se importantes alterações na locomoção das pessoas na região. A mais significativa indica que uma em cada sete pessoas entrevistadas mudou a forma de se deslocar, sendo quase dois terços dessas mudanças relacionadas ao trabalho, ou à falta dele, provocados pelo elevado desemprego, alterações nos destinos de viagem e pelo trabalho híbrido ou remoto.


A pesquisa não apenas quantifica as mudanças no modo de locomoção na região metropolitana, mas também busca identificar as razões por trás dessas alterações, visando contribuir para a adoção de medidas capazes de tornar o transporte público mais atraente, sustentável e ajudar a tornar a mobilidade mais inclusiva, acessível e segura.


A conclusão mais preocupante do levantamento é a redução de mais de 20% no número de viagens nos transportes públicos, onde praticamente todos os modais tiveram queda, exceto as realizadas por vans, que aumentaram mais de 30% no período, realizando hoje mais viagens que o metrô. Os deslocamentos promovidos pelo VLT mantiveram-se estáveis, enquanto trens e barcas deixaram de realizar um terço dos que faziam em 2019. Nos ônibus a redução foi de uma em cada quatro viagens, e o metrô não conseguiu recuperar 16% das que eram feitas. A pesquisa sugere que parte dessas perdas foi absorvida por vans e pelo uso de aplicativos de transporte. É provável que o aumento da circulação de motocicletas também tenha contribuído.


Todas essas alterações não provocaram mudanças significativas no papel de cada modal na oferta de viagens, os ônibus continuam responsáveis por quase três quartos da oferta. Somente as vans apresentaram desempenho acima do anterior, quase dobrando o número de viagens oferecidas. O que chama atenção é o fato de mais de 30 milhões de viagens por mês terem sido perdidas pelos transportes públicos, uma em cada cinco das realizadas até 2019. E ao que parece não há prognóstico de recuperação no curto prazo.


O tempo de percurso, a demora nos pontos e estações, a deficiência no conforto e a falta de confiabilidade e segurança são as razões mais apontadas na pesquisa para a expressiva queda no número de viagens. Tratar a questão com a profundidade que ela exige e promover as mudanças necessárias e possíveis é o desafio urgente da gestão dos serviços de transportes.


Há exemplos de êxito no Brasil e no exterior de condução altiva e eficiente por parte dos agentes de estado nos distintos níveis de governo. Aqui no Rio, infelizmente, isso parece ainda estar distante de se tornar possível.




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